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#SérieSolividaNosBiomas: Projeto recupera área de manguezais em Recife

“Manguezal, mangue, mangrove ou mangal é um ecossistema costeiro de transição entre os ambientes terrestre e marinho, zona úmida característica de regiões tropicais e subtropicais”: assim a Wikipédia define o primeiro bioma que abordaremos em nossa série de artigos que apresentaram a diversidade da fauna e flora brasileira distribuída nas diferentes comunidades que se adaptam às condições ambientais de distintas regiões e nas se desenvolvem.

Árvores e arbustos com raízes pra fora (aéreas), vegetação sempre verde, variação e encontro de água doce e salgada são algumas das características que compõem o mangue, que só surge onde há rios perenes. Assim, esse ecossistema tem sua ocorrência em regiões estuarinas, ambiente de transição entre mar e rio.

É por essa razão que as florestas de manguezais se tornam importantes para a reprodução de muitas espécies marítimas, que nele encontram as condições propícias, como a água calma, necessária para o acasalamento.

No mapa abaixo, produzido pela National Gegraphic é possível conferir a presença de manguezais em todo o mundo.

Esses importantes berçários para a vida marítima são constituídos principalmente, no Brasil, por quatro plantas lenhosas: Mangue Vermelho – Rhizophora mangle, Mangue Preto ou Seriba – Avicena schaueriana, Mangue Branco – Laguncularia racemosa e Manguedebotão Conocarpus erectus.

Atualmente, esse bioma vem sofrendo fortemente os impactos da inchaço urbano nas cidades litorâneas. O lançamento de esgoto não tratado, poluição doméstica e química, derramamento de petróleo e aterramentos são alguns dos fatores que vem ameaçando as florestas de manguezal no Brasil.

Maria Elisabeth Detert, presidente da Rede Solivida e engenheira agrônoma, coordenou o projeto  Semear e Colher, apoiado pela organização alemã Aktionskreis Pater Beda. Ela reforça a importância do mangue: “O encontro da água doce com a água salgada  significa  muita fartura em pescados e mariscos. Por este motivo o homem se instalou e construiu neste ecossistema (o mangue) cidades para viver. O crescimento das cidades ameaça esta floresta tão especial para a reprodução da vida marítima”.

No âmbito do projeto Semear e Colher, a Organização Não-Governamental Saber Viver, que compõe a Rede Solivida, vem executando um projeto de recuperação do manguezal no entorno da Ilha de Deus. Sobre Isso, a coordenadora do Semear e Colher comenta:  “O projeto tem como objeto fortalecer a atividade econômica da comunidade da Ilha de Deus com seus 2000 habitantes. Desses, centenas são  famílias de pescadores e a pesca artesanal  do sururu e do camarão é o ganha pão de muitos. A poluição com lixo sólido que impede a germinação do mangue e o esgoto líquido que entra “in natura” nos rios, causando excesso de matéria orgânica e perda de oxigênio para o crescimento principalmente do mangue novo é uma ameaça para o meio ambiente e para o trabalho das comunidades pesqueiras do Recife, como é o caso da Ilha de Deus. Eles comentam que o tamanho do pescado diminui cada dia mais, isso quando conseguem se reproduzir.”

Maria comenta ainda algumas metas do projeto e fala de uma reavaliação que se deu durante esse processo, no qual os membros da comunidade da Ilha de Deus puderam compreender a necessidade de ações articuladas, envolvendo atores, sobretudo do poder público:“Já plantamos mais de 8.000 mudas e temos a previsão de plantar 20.000 até o final do ano, contribuindo com a preservação do bioma Manguezal no Recife. Vimos que o problema é muito maior e que nosso alcance é limitado. Assim é necessário o envolvimento do poder público com gestor do interesse público, tanto  as  empresas  quanto a população que poluem os rio com os esgotos e resíduos sólidos. Nosso engenheiro florestal explica que problemas encontramos e o pescador confirma as consequências para sua vida. “

Maria Detert refere-se à fala do engenheiro florestal André Brenner e do pescador Wilames Marciel, em entrevista que você pode conferir no vídeo acima.

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