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ENCONTROS DA REDE SOLIVIDA

Desenvolvimento Sustentável e Articulação entre Diferentes Atores Sociais

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Mais do que prestar serviços à comunidade as ONGs são pilares importantes para a construção de uma sociedade melhor e constroem espaços de diálogos e empoderamento social, executando ações que visam o benefício de grupos e comunidades que vivem em vulnerabilidade social e em situação de exclusão. Essas instituições estão abertas a uma variedade de valores, experiências e a várias  conjunturas sócio estruturais. As ONGs buscam se articular e construir espaços e campos de inserção de segmentos sociais, que normalmente não encontram lugar nos canais políticos tradicionais, enfrentando uma batalha árdua a fim de alcançar seus objetivos.

As práticas políticas voltadas para a promoção dos excluídos têm sido o principal viés estruturador da identidade das ONGs, as conferindo significado de uma missão originariamente calcada no altruísmo e no amor ao próximo, que se apresenta como o principal vetor na construção da identidade dessas instituições.

Diante desses argumentos podemos indagar qual seria o papel de uma ONG? Alguns afirmam ser “contribuir para o exercício da cidadania”; “promover o desenvolvimento da sociedade”; “propor e controlar ações públicas”. Seja qual for a resposta, todas apontam para uma natureza mais diretamente ligada à assistência social e trabalhos que visam a construção de uma sociedade menos injusta e mais humana.

Pensando nessas questões e por entender a necessidade e importância que tem o intercâmbio de informações e o quão é relevante para o fortalecimento dos trabalhos desenvolvidos pelo 3º setor, a organização Rede Solivida promove há seis anos, sistematicamente, encontros  entre as organizações parceiras da Rede e beneficiadas pela AktionsKreis Pater Beda, da Alemanha. Os  encontros promovem a reflexão e propiciam momentos de aprendizado mútuo com  troca de experiências vivenciadas por cada entidade e de acordo com a realidade de cada uma, e acontecem com  o propósito de compartilhar e desenvolver ações conjuntas que contribuam para a promoção do desenvolvimento sustentável e humano, contribuindo também para o desenvolvimento local. Os trabalhos são pautados em temas como direitos humanos,  meio ambiente, família e cidadania.

Durante os encontros, realizados em suas sedes, são discutidas temáticas relacionadas aos trabalhos desenvolvidos pelas próprias organizações, onde cada ONG participante apresenta suas experiências e trabalhos. No total, já foram realizados 18 encontros de formação e capacitação da Rede. “O papel da Rede para as organizações é essencial, pois juntos refletimos sobre os trabalhos e podemos assim trocar experiências entre nós. Assim, no dia-a-dia da nossa organização esses encontros se transformam em um diferencial para a realização do nosso trabalho”, afirmou, Esthevão Viana, representante da Associação Frei Gregório – Cabedelo/PB.

Para Denise, representante da Turma do Flau – Recife/PE, trabalhar em Rede é uma maneira bem prática de desenvolver as ações em articulação e de trocar experiências dos trabalhos desenvolvidos. “Seja nas ações com crianças, seja no trabalho com os Sem Terra, todos estão buscando qualidade de vida através da aquisição de trabalho, da terra para plantar e do pão para repartir com os irmãos e podemos compartilhar o que vivenciamos que poderá contribuir para outra organização”, concluiu.

Ao longo dos anos, a Rede, juntamente com a entidade alemã e parceiros, como o governo alemão (BMZ), colocou em prática os projetos “Semear e Colher” e “Mercado de Oportunidades”, que beneficiaram 14 organizações em cinco estados da Região Nordeste. Esta é uma das alternativas de  captação de recursos para as instituições parceiras.  “Cada instituição tem suas particularidades individuais, mas em um momento qualquer estamos todos juntos para angariar melhorias para o desenvolvimento das ações. Deixará de ser utopia quando todas instituições da Solivida estiverem comendo do mesmo platô. Isto é, quando todos conseguirem se auto manter e tivermos um grupo de agentes multiplicadores que possa dar continuidade ao trabalho com o mesmo amor, ou talvez até com mais amor ainda do que os fundadores ou de quem está atuando agora como responsável direto pela instituição. Quando compreendermos que não somos uma soma de partes, mas um todo, a Solivida poderá afirmar que, verdadeiramente, a Rede é uma Casa Comum.”, acrescentou, Denise.

A fim de promover entre as instituições da Rede Solivida, a formação para a utilização de Redes Sociais e construção de sites, foram realizados os encontros “Comunicação em Rede”. O s encontros fizeram com que as ONG’s melhorassem as suas postagens nas Redes. “Participar dos encontros da faz com que organizações que trabalham com os mais diversos temas possam se juntar e partilhar esse conhecimento. Esse conhecimento permite que possamos abranger nosso leque de atendimento, pois mesmo que a organização não trabalhe diretamente com aquela temática ou público, quando surgir uma demanda, já vamos saber para onde podemos encaminhar para que se obtenha as informações corretas. Sendo assim, os encontros são bastante válidos para as organizações”, relatou, Lucélia Melo, representante da Comunidade Pequenos Profetas – Recife/PE.

 A Rede,  que tem em seu nome solidariedade e vida, vem sendo solidária na troca de experiências e transforma vidas através das organizações parceiras e seus trabalhos em suas cidades e regiões. Se um dos objetivos da Rede é erradicar as desigualdades sociais, podemos  afirmar que ela vem transformando a sociedade. Já vimos, com certeza, alguém do grupo fazendo suas postagens sobre as manifestações que estão acontecendo no país. Nenhuma atividade repercute tanto entre nós do que essa realidade cruel da nossa nação brasileira. Quantos de nós não vamos às ruas reivindicar melhorias de vida, unindo nossa voz há tantas outras vozes? Certamente, as transformações sociais que tanto almejamos ainda não aconteceram, mas um dia vão chegar. “Talvez nós não sejamos beneficiados por essas mudanças, mas as próximas gerações com certeza irão alcançar e saberão que foram seus pais, tios, professores, educadores que se dedicaram para dar o melhor de si. Os encontros da Rede têm sido uma ferramenta articuladora  do processo social da atualidade. O que nos leva a essa união coletiva são as inúmeras indignações de um país tão rico e tão desigual. Porém, nós precisamos ser mais ousado(as). Precisamos deixar o discurso e abraçar a prática se quisermos, de fato e direito, uma transformação social profunda”, disse Irmã Aurieta, representante da Turma do Flau.

A caminhada não é fácil e um dos principais fundamentos do trabalho em rede no setor social: a crença de  que a colaboração é fundamental para a promoção de mudanças sociais, não deve ser esquecido durante o trajeto. Os desafios precisam sempre ser superados,  como a participação efetiva dos integrantes, que exige dedicação de tempo e energia por parte deles e  auto sustentabilidade das organizações e da própria rede.  O sucesso da Rede e das ações colaborativas depende de pessoas que estejam, de fato, dispostas a oferecer algo de si para o outro, e isso é que vem sendo amadurecido e fortalecido no processo de construção em conjunto a cada encontro.

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